Li hoje na Folha de São Paulo a coluna do Gilberto Dimenstein sobre o ex presidente. Uma amiga já tinha comentado comigo que estava acontecendo uma movimentação nas redes sociais dizendo para o Lula se tratar pelo SUS. Achei foda. E não foda de bom. Foda de pesado.
Câncer é uma doença séria, difícil de se tratar, trágica, que mata de maneira lenta e dolorosa. É muito triste para o paciente e é muito triste para todos que estão em sua volta o apoiando. É preciso ter muita coragem para enfrentar um câncer sem desmoronar e se render emocionalmente.
A falta de respeito que existe no Brasil é ridícula, a culpa do país ser uma merda não é apenas dos políticos, é também de pessoas com atitudes como essas - que reclamam que o Lula vá tratar sua doença no Sus "pra ver como é bom" ou "em solidariedade aos pobres" - dessas pessoas ignorantes, cruéis e também de merda!
Respeito não existe mais? O Lula tem direito de lutar pela sua vida. Respeitem isso.
"Senti um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.
Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?
Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.
No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.
Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.
Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência."
(Gilberto Dimenstein - Colunista da Folha de SP)
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